quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sheetlog


Muitos foram chamados, poucos compareceram, vários fugiram, todos sofreram.

Puxa, esse começo ficou horrível. É... Eu estou em dúvida sobre o que escrever aqui, mas eu senti necessidade de escrever alguma coisa, falar, mesmo que ninguém fosse ouvir, então peguei essa máquina de escrever. Não que eu estivesse com medo de gastar eletricidade usando o computador. É que ele já está sendo usado pela minha esposa. Isso! Acho que posso começar por aí.
Minha esposa não se casou comigo. As coisas terminaram antes que pudéssemos nos casar. As coisas (mundo) foram terminadas (destruídas) pela guerra. Não sei bem se você que está lendo isso ainda vai ter lembranças de que houve uma guerra que acabou com tudo, mas é isso aí. Tudo destruído. Mas não foi de uma vez.
Deu tempo de baixar coisas. Baixar é pegar da internet. Internet era uma coisa virtual (que não podíamos tocar) que era acessada pelos computadores (máquinas de calcular sofisticadas) e era usada pra comunicação, basicamente. BEM BASICAMENTE... Tinha muito mais coisa. Dava pra ler o que você quisesse, saber o que estava acontecendo do outro lado do mundo, falar pra alguém o que estava acontecendo do SEU lado do mundo etc. Também tinha idiotice. Umas mais irritantes do que outras. Acho que eu fugi do assunto.
Eu tentei baixar muita coisa. MUITA MESMO. Eu precisei roubar HDs externos pra salvar tudo (salvar é guardar virtualmente). Olha, eu me sinto bem mal por ter precisado roubar, mas ninguém estava se importando mais. Eu até pensei em deixar dinheiro nas lojas das quais peguei esse equipamento, mas eu também não tinha dinheiro e ia precisar roubar etc. Bem, ninguém estava se importando mais com dinheiro também. Por que eu baixei as coisas? Pra não esquecer. Ugh, acho que vou começar a soar clichezento e pseudofilósofo de novo...
Guardei nossas memórias pra que pelo menos uma pessoa soubesse quais acertos nós deveríamos repetir e quais erros nós deveríamos (tentar) evitar quando (e se) reconstruíssemos o mundo.
... Eu também baixei filmes e séries de TV.
Em outro texto eu explico o que é isso se você não souber.
Faz um ano e meio, mais ou menos. Ainda não vi nenhum sinal de reconstrução, mas eu também não esperava que fosse tão rápido. Enfim, não houve nenhuma cerimônia nem nada que decidisse de maneira oficial que eu e minha “esposa” fôssemos realmente casados, mas como a gente pretende ficar junto pra sempre, decidimos por conta própria que “casados” era o que seríamos. E somos. Ela está grávida. É por isso que ela está no computador e eu aqui. Ela escolheu hoje para pesquisar nos arquivos baixados textos sobre gravidez e maternidade pra gente tentar fazer tudo do jeito certo. A leitura deve estar interessante, considerando-se que ela ainda não reclamou do barulho da máquina de escrever.
E é isso aí. Eu fiquei com vontade de escrever e não sei o que eu devo escrever. Na verdade, eu até já escrevi bastante pra quem não está com ideias... Isso está parecendo texto dos meus blogs (eu explico o que é blog quando eu falar o que é TV). Meu primeiro blog foi um fracasso. Não que ninguém estivesse disposto a ler... É que eu não estava disposto a escrever e abandonei aquilo rapidamente. Ah, meu segundo blog. Esse sim foi legal, mas durou pouco (1 ano, eu acho... Minha memória está ficando fraca). Legal pra caramba. O meu terceiro blog foi interessante. Eu nunca entendi ele e nem lembro como ou se acabou. Isso é estranho. Não estou lembrando bem dos acontecimentos mais recentes e lembro dos antigos. Não entendo minha mente. Ela parece o terceiro blog.
Sim! Essa é uma boa ideia. Vou fazer disso meu blog. Sem compromisso nenhum. Só vou escrever se eu tiver boas ideias ou se eu sentir necessidade de falar alguma coisa qualquer. Considerando que isso é papel sulfite (que eu roubei), não acho que “pessoas do outro lado do mundo” vão poder ler, como deveria ser um blog, mas que se danem as regras. Pra quê regras em um mundo pós-apocalíptico? Na verdade, eu posso chamar isso aqui de qualquer coisa. Não precisa ser “blog”. Pode ser “feijão” ou “paralelepípedo”.
Blog está bom.
Acho que vou contar um pouco do que está acontecendo. É, eu sei que eu já fiz isso, mas vou contar o que está acontecendo agora mesmo.
Estamos “acampados” no nosso trailer (é um carro grandão e isso fica pra junto da TV também). Estacionamos do lado de um relógio de Sol grandão que tem do lado da estrada. Quem arranjou o trailer foi a minha esposa. Precisávamos de um se quiséssemos carregar tanto HD. Precisamos descansar pra poder prosseguir amanhã. Estamos indo para o sítio da família de uns amigos de infância meus. Não sei se eles ou mais alguém vão estar lá. Por que estamos indo pra lá? Essa pergunta não deve ser feita por você pelos seguintes motivos:

  • Eu também não sei. Me pareceu uma boa ideia. 
  • Isso aqui são folhas de papel. Elas não vão te responder se você perguntar alguma coisa.

Bom... Se eu falar que não tem motivo nenhum mesmo é mentira. Lá é um ponto de encontro que marcamos com o irmão da minha esposa antes das comunicações caírem. Ele é um sujeito muito bacana. Espero que ele consiga chegar lá com a moto dele. Ele não larga aquela moto por nada.

Estou ficando com sono e está ficando tarde. É, É, eu sei que eu não preciso seguir regras em um mundo em que elas não existem mais, mas esse tipo de coisa me ajuda a manter a sanidade. Não pretendo quebrar essa regra tão cedo quanto eu quebrei a de escolher nomes.

Falando em nomes, essa é uma coisa bem legal. Liberdade pra escolher nomes. Eu estava pensando no nome do bebê. Se for uma menina, vamos chamá-la de Sarah Connor. Se for um menino, o nome vai ser Marty McFly.

Boa noite.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

36 Horas

Era uma vez uma pizzaria 24h. Ela fazia muitas pizzas. Muitas MESMO. Todos se perguntavam como eles conseguiam. Acontece que não era realmente uma pizzaria 24 horas. Ela era 36 horas. Eles possuíam uma máquina que colocava o estabelecimento em uma bolha temporal por 12 horas. Era como se uma timeline paralela fosse criada só pra eles poderem fazer mais pizzas mesmo tendo só uma cozinha.
 I am part of something.
Um dia aconteceu um assalto a um banco na rua da pizzaria. Os ladrões saíram correndo e resolveram se esconder dentro do tal restaurante time-traveler. Aí a polícia entrou também e começou um tiroteio. Uma bala acabou acertando a máquina da bolha temporal.
 I am part of nothing.
...
...

E ELES FICARAM PRESOS LÁ DENTRO PRA TODA A ETERNIDADE.

Fim :)