sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Mais gente do outro lado

Eu poderia encerrar o ano de 2021 falando aqui sobre o filme do meu super-herói favorito que lançou recentemente, afinal o filme adapta parcialmente o arco que eu comentei aqui no começo desse blog. Também poderia usar esse espaço para falar sobre como me sinto em relação ao meu trabalho, sobre ter me mudado pra uma casa maior, sobre coisas que aprendi, reaprendi e desaprendi, sobre amizades, sobre decepções amorosas com amores que nunca chegaram a existir... Nada disso. Vou falar sobre a tia que partiu.

Como esse receptáculo de mensagens é o registro mais íntimo e ao mesmo tempo mais impessoal que tenho na internet, vou preservar o nome dela.

Ontem faleceu uma tia avó, de tanto trabalhar. Não foi covid nem nada parecido. Não deu tempo de se preparar nem pudemos nos despedir. O coração dela simplesmente bateu pela última vez. Foi um momento triste, porque ela era daquelas pessoas que nascem de tempos em tempos com a missão de resolver problemas. Ela sustentou um núcleo da família como se fosse mãe deles, sem nunca ter se casado ou tido filhos.

Essa tia era como uma irmã mais velha para minha mãe, e também era amiga de adolescência da minha avó desde antes delas saberem que seriam cunhadas um dia. Figura materna para vários, arranjou emprego pra metade das pessoas da cidade onde eu nasci e onde parte da família viveu durante muitos anos.

Infelizmente, das pessoas que eu conheci desse lado da família, tem mais gente do outro lado do que desse.

A tendência do tempo é continuar passando, mas isso é cansativo às vezes.

Que 2022 seja mais gentil.