segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Insônia

Venho tendo problemas para cair no sono à noite, mas não me sinto preocupado. Sinto que para resolver isso, preciso apenas voltar a organizar meus horários para pós-ano novo e trabalho presencial. Se isso se estender por mais umas duas semanas, aí sim vou consultar meu médico. 

Tive problemas sérios de insônia por muitos anos, e se eu puxo na memória, vejo que eles surgiram ali por 2011 e demoraram muito tempo pra passar. Na época, eu vivia cheio de preocupações, que depois foram sendo substituídas por outras neuras e impedindo Morfeu de me mandar pro outro lado durante aquelas merecidas horas.

Durante as horas que eu não dormia, eu contemplava outros mundos e vidas que eu não tinha, vidas essas que nem sempre eu desejava ter, apenas gostava de contemplar. Entre as que eu queria ter, havia aquelas realidades em que um ou outro amor era correspondido, em que eu conseguia conciliar uma vida acadêmica com todo o resto e outras coisas que importam menos hoje. E entre as vidas que eu nem fazia muita questão de ter estavam realidades e/ou anseios de amigos próximos, como ter muitos amigos na faixa dos 30 ou apenas desejar ter isso, numa versão imaginária de São Paulo que se assemelha a uma mistura cartunesca de Londres com Nova Iorque, nunca amanhece e os únicos estabelecimentos possíveis são bares. Nunca quis muito isso, apesar de entender que possa ser divertido para alguns. Adolescentes que têm amizades com alguns tipos específicos de adultos não são mais maduros, apenas encontraram companhias imaturas (na possibilidade de não serem também companhias mal-intencionadas).

O que tirou meu sono deixou de ser a escola e a perspectiva de faculdade e passou a ser o trabalho, os resultados, os registros de erros eternizados na TV. Até que um dia tive uma crise fortíssima de ansiedade que me colocou pra tomar rivotril regularmente. Depois de um tempo, o medicamento foi trocado, felizmente, para o oxalato de escitalopram, que é menos agressivo e mais eficaz. As preocupações não sumiram magicamente, e algumas das antigas voltam vez ou outra, mas pelo menos consigo dormir.

Ou conseguiam. Torçam para que eu consiga regular o sono em breve, caros leitores calados.

Atenciosamente,
O Replicante

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Quem visualiza isso aqui?

Boa noite e feliz ano novo!

Parece que nos últimos tempos minhas publicações têm sido todas iguais. Isso é um problema mais seu do que meu, ninguém mandou você ler.

Falando em problemas que são mais dos outros do que meus, até que ponto meus hiper-focos são um incômodo? Queria ter uma medida prática que me ajudasse a calcular corretamente isso. Ultimamente tenho me importado muito com Star Trek. Talvez eu apenas goste muito do espaço, do frio e do silêncio que ele oferece. Nada sombrio ou tétrico, apenas meu conceito de conforto e sossego, afinal ter sossego é um dos meus maiores objetivos na vida. Hoje temos um especial de Ano Novo de Doctor Who pra variar um pouco o hiper-foco da vez. Já li opiniões negativas a respeito, mas imagino que eu deva curtir mesmo assim. 

2011 pareceu um ano grandioso pra mim por muito tempo, mas em retrospecto as coisas especiais ali tenham sido apenas 3: a primeira vez em que me apaixonei, a primeira vez que desconfiei que eu poderia ser autista e a primeira vez que usei a expressão "curtir". Maldito Facebook. Falando em me apaixonar, a pessoa por quem nunca deixei de nutrir sentimentos está namorando. O namorado é alguém por quem eu não nutriria sentimentos amorosos caso eu fosse atraído por homens. O que só reforça que somos todos diferentes mesmo em gosto e em todo o resto.

Consigo desligar esse sentimento? Nunca encontrei o "botão de liga/desliga" da paixão e não devo encontrar tão cedo. Paciência, é o custo de ser humano apesar de tudo. Eu poderia julgá-la por ter se permitido esperar tanto por aquele mesmo alguém ao longo de anos, mas eu fiz exatamente a mesma coisa. A única diferença é que pra ela deu certo.

As coisas parecem estar me estressando facilmente nos últimos tempos, mas enquanto eu escrevia essa frase, passei a considerar a hipótese de eu estar me estressando no mesmo nível do que sempre. 

Estamos vivendo uma pandemia e fazer coisas em geral não é recomendável, o que é, como se pode imaginar, um grande transtorno. Não é um transtorno maior do que morrer, mas ainda assim um incômodo considerável. Meus planos para depois da pandemia incluem ir ao Poupa-Tempo e renovar meus documentos, com laudo médico do meu diagnóstico de autista. Dessa forma vou poder usufruir dos benefícios que me são garantidos por lei. Isso deve compensar algumas irritações que eu passei até aqui e que vou continuar passando até o fim dos dias. Felizmente me lembro do diálogo entre Geordi LaForge e Riva em Star Trek TNG 2x05 sobre ser diferente. E olha só, Star Trek aparecendo de novo.

A quem estiver lendo, reforço meu desejo de um feliz ano novo,

Atenciosamente,
Pedro Alcântara