terça-feira, 26 de junho de 2012

Costelas da Honra - Capítulo 3

IGUAL?

Estava próximo das duas da tarde, e um homem que parecia um mendigo se arrastava por uma rua daquilo que estavam chamando de Jacareí. Em outro lugar e em outra época, qualquer um reconheceria que aquele com o traje metalizado e de brilho amarelado era o Capitão Jacareí, principalmente com aquele "J" desenhado sobre o triângulo azul no peito. Mal sabia ele onde estava. Nem "quando" estava.

Apenas duas palavras ecoavam na mente do Capitão: BISCOITOS JACAREÍ.

Que lugar assustador era aquele? E o que aquele ancião quis dizer? Quem estava insano? Seus pensamentos se distraíram quando sentiu um cheiro muito bom. Era algo que não sabia descrever, e ao mesmo tempo conhecia. Se aproximou de um estabelecimento de esquina e forçou a vista cansada para ler o letreiro que dizia "Frango do Tião". Por um breve momento pensou em pedir um pedaço, por menor que fosse, de um dos frangos que rodava no forno, mas que honra haveria nisso?

Por sorte, o proprietário do estabelecimento, provavelmente um Tião, demonstrou ter honra também, e ofereceu uma coxa ao pobre homem que se arrastava. O Capitão ficou até um pouco espantado com tamanha generosidade sem que houvesse dívida alguma entre as partes. Aquele ambiente inóspito e hostil poderia mesmo oferecer algo de bom? Haveria um oásis naquele deserto de virtudes? Haveria açúcar no mais seco dos bolos? Ele teve muito pouco tempo para pensar no assunto, porque assim que engoliu o primeiro naco retirado com desespero da coxa, poder desceu de seu encéfalo para a espinha, e de lá se espalhou para todo o corpo. O traje começou a reluzir novamente, e os olhos do Capitão passaram a refletir disposição! 

Entretanto, nesse momento de regozijo, algo de estranho parecia soar no ar. Gritos de desespero vinham de 1 quilômetro de distância dali. Não havia do que reclamar, não encontrara os biscoitos, mas o frango assado do Tião serviu bem. O Capitão Jacareí estava pronto para a ação. Sem saber exatamente como agradecer, se virou para Tião dizendo:

- Toda bondade será recompensada, nobre cidadão!

Tião ficou embasbacado ao ver aquele misterioso homem sair correndo numa velocidade absurda em direção a algo que era um mistério.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Moda Nerd

Não é segredo pra ninguém que ser nerd virou modinha de uns tempos pra cá. Não sei qual foi o motivo disso, mas parei pra pensar nas consequências.

Não sei se você, nerd de verdade que está lendo isso concorda comigo, mas eu me sentia bem mal em admitir o quanto era nerd desde sempre. Parece frescura, e por mais que digam que não é necessário se preocupar com o que os outros pensam de você, era impossível não perceber as outras crianças na escola me olhando esquisito toda vez que eu pegava um gibi do Íncrivel Hulk pra ler no recreio. Se fosse da Turma da Mônica era capaz de eles nem ligarem (pelo menos até a 6ª série, quando os moleques começam a pensar que são adultos :P). Também não era a melhor pessoa quando o assunto era futebol. Não é que eu não me interessasse ao todo pelo assunto. Eu apenas não conseguia acumular tanto conhecimento sobre o esporte e tampouco ter alguma habilidade notável nele. Havia várias outras diferenças, como o gosto musical.

Depois que começou a modinha nerd, eu pude parar de me preocupar com isso. Ninguém nem me olhava mais estranho pelo fato de eu ler quadrinhos e livros (Afinal, antes da modinha, não parecia fazer muito sentido ler... coisa de gente burra, ou sei lá o que pensavam de mim). As pessoas até passaram a se interessar por gostos mais próximos dos meus. Pelo menos eu tinha gente pra conversar comigo sobre as coisas que eu gosto.

Na verdade só fui ter mesmo amigos realmente parecidos comigo de verdade mesmo MESMO no ensino médio. As pessoas com quem eu me relacionei mais fortemente, com raras exceções, eram mais parecidas comigo na essência e consideravelmente nerds. O curioso é que a nerdice desses amigos independia dos gostos-padrão nerd que são manjados pra todo mundo. O que mais tínhamos em comum era o fato de termos sido considerados realmente bobocas nos anos anteriores. Mal sabem as pessoas que nos consideravam bobocas o que pensamos das atitudes e estilos de vida deles.

Quero deixar bem claro que não sou contra a popularização das coisas que eu faço e gosto. Quem pensa assim não é nada mais nada menos do que um completo idiota. Sou contra a banalização das coisas que eu gosto. Vou dar um exemplo pra ficar mais claro: Memes.

É claro que eu achava engraçadas as tirinhas de memes. Qual é o problema disso? Aí elas se popularizaram, principalmente no Facebook. Tudo bem, não sou egoísta. Então veio o problema. As pessoas começaram a colocar memes em qualquer coisa! QUALQUER COISA! Começaram a usar memes de maneiras totalmente sem noção! Misturam memes que não têm nada a ver, colocam memes referentes a um tipo de piada específico em piadas sem relação... Mó bagunça. É isso. Não sou contra a popularização. Apenas contra a banalização de coisas legais.

O ponto é que, se eu assisto a um filme de guerra, eu não viro soldado. ENTÃO POR QUE CAZZO AS PESSOAS ACHAM QUE PRA VIRAR NERD É SÓ VER THE BIG BANG THEORY?

É. Eu parei de me preocupar com o que as pessoas pensam de mim que sou nerd porque sei que elas, raramente, veem algo de negativo nisso, já que está na "moda" ¬¬', mas agora qualquer um sai por aí falando BASIMGA e 42 e acha que é nerd. E tem mais um monte de gente que, cansada desse babaquice de moda de qualquer coisa, inclusive a moda nerd, diz que não é nerd.

Chamo a atenção para o fato de que 83% das pessoas que dizem que não são nerds pra não correrem o risco de serem incluídas nos modistas, é mais nerd do que os modistas.

(Nem sei se essa palavra existe mesmo)

(Nem sei porque escrevi isso. Acho que fiquei meio revoltado com umas meninas que sentam na minha frente na aula e ficam o tempo todo "Ah, eu sou muito nerdinha hur dur")
É. Eu continuo gostando de pular linhas.

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Ok. Prometo que em breve sai o capítulo 3 de Costelas da Honra. Aqui vai o teaser:

 Preso numa Jacareí sem liberdade e sem biscoitos, o Capitão Jacareí vai ter que encontrar o seu lugar num lugar desconhecido.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Costelas da Honra - Capítulo 2

AS BADALADAS MAIS DISTANTES

Jacareí - Universo 17
O céu estava azul e límpido. Os pássaros cantavam com alegria. O sol iluminava e deixa as ruas e paredes da cidade brilhantes ao refletirem sua luz. A brisa suave amenizava o calor. As manchetes dos jornais do Vale do Paraíba de 08/06/2050 exaltavam o casamento de ninguém menos do que o herói, a lenda, O Capitão Jacareí.
A cidade inteira estava reunida na praça da Matriz. Sortudos foram os que conseguiram entrar na igreja para ver de perto a cerimônia.
Pensamentos de tranquilidade e serenidade preenchiam a mente do Capitão. Era uma época perfeita. Ele e todos os outros heróis do Vale do Paraíba haviam limpado a região. Era a parte menos violenta do estado de São Paulo. A felicidade pairava sobre todos. A melhor maneira de descrever a época e o local é: Liberdade e Biscoitos.
É impossível não estar satisfeito com a possibilidade de pensar o que quiser, expressar a opinião e ainda poder discutir pacificamente comendo os famosos Biscoitos Jacareí.
Os Biscoitos Jacareí existiam há muito tempo, e eram a marca registrada da região. Sempre fizeram sucesso, mas em 2050 haviam atingido o apogeu.
Outra coisa que deixava o Capitão feliz era o fato de a criminalidade ter caído tanto que ele não precisava mais esconder sua real identidade. Sua belíssima esposa e seus idosos pais estariam seguros mesmo com todos sabendo onde ele morava e que seu nome verdadeiro era...

- ...se alguém tiver algo contra esse matrimônio, que fale agora ou se cale para sempre!- disse enfaticamente o padre, que interrompeu o pensamento do noivo.

Imediatamente o Capitão se sentiu confuso. Por que logo aquela frase havia chamado a atenção? Quem teria algo contra esse casamento? Mas que bobagem.
Mesmo ciente de que era uma bobagem, um estranho frio na barriga tomou o herói. Não era um frio qualquer. Era a sensação de que estalactites de gelo cortavam sua existência!
Os bancos da igreja estavam estranhos. O padre estava estranho. A noiva estava estranha. Tudo estava estranho. Um mal-súbito devido ao nervosismo???
Nesse momento o Capitão percebeu que o padre não estava mais falando nada.

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Uma piscada foi suficiente para que a dor de um choque de um relâmpago atingisse a espinha dele e o fizesse acordar num lugar muito estranho.

Era noite. Era fria. Era silenciosa. Era escura. O Capitão Jacareí acordou deitado no asfalto de uma rua que se parecia com algum lugar de Jacareí, mas não era a que ele conhecia. As construções pareciam antigas, do começo do século XXI. E para sua surpresa a roupa de noivo havia sumido! No lugar dela estava seu usual uniforme.
Apesar de estar vestido apropriadamente para um combate, suas forças pareciam ter se esvaido completamente. Não parecia uma boa ideia ficar fraco naquele ambiente potencialmente hostil. Eram necessários Biscoitos Jacareí para recuperá-lo. Andou freneticamente por minutos que pareciam horas até encontrar uma alma viva. Era um velhinho mal-encarado, que não parecia suficientemente sensato por estar na rua àquela hora da noite.

-Senhor, por favor, me ajude! - começou surpreendentemente desesperado o Capitão - Onde posso encontrar Biscoitos Jacareí?!?
-O que? - se espantou o ancião - Do que está falando??? Essa coisa empapada faliu há uns 40 anos!

Nem o mais poderoso dos gritos poderia aliviar a tensão que percorreu o corpo do Capitão Jacareí.

Costelas da Honra - Capítulo 1



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O PARQUE MEIA-LUA

Há algumas perguntas que devem ser feitas, e elas, às vezes, são tão importantes quanto as respostas. As duas perguntas necessárias nesse caso são "quando?" e "onde?". O ano é 2012 e o local é a cidade de Jacareí, SP, Brasil, no universo 161.

O silêncio da noite foi cortado pelo latido assustado de um cachorro que fora acordado com um esbarrão. Um vagabundo qualquer fugia de dois policiais pelas ruas do bairro Parque Meia-Lua. Esse qualquer se chamava João Rocha, mas ninguém se preocupava com ele. Era alto, forte e tinha uma aparência intimidante. Apesar disso, não era um dos criminosos mais perigosos da cidade e sua "carreira" se limitava a algumas carteiras vez ou outra. Só estava sendo perseguido porque a noite estava fria e os policiais precisavam se aquecer.

- De Souza! Dê a volta no quarteirão para pegá-lo! - gritou o policial inexperiente.

Assim que ouviu o grito, João sabia que não era uma das melhores ideias prosseguir no mesmo trajeto. Ele virou à esquerda num terreno baldio com o intuito de se esconder no meio do entulho. Os policiais ouviram um resmungo de dor, mas não encontraram o trombadinha que perseguiam. João esperou os homens da lei irem embora para tentar se esgueirar para fora do buraco no qual caíra. Assim que apoiou as mãos na borda do buraco, terra escorregou, e João teria ficado praguejando se não tivesse sido surpreendido por uma luz amarelada que emanou de uma estranha pedra incrustada no solo frágil.
Nesse tipo de situação, qualquer um pensaria um pouco se era seguro ou não pegar o objeto estranho nas mãos, mas a luz parecia hipnotizante, e João pegou a pedra. 
Um turbilhão passou por diante dos olhos dele, e ele se perguntou se aquilo era efeito de algum alucinógeno que não conhecia. Teve a sensação de dar voltas e voltas, como se meses tivessem passado em segundos. Vislumbrou o Sistema Solar e viu a Terra. Quando a viagem acabou, olhou para si mesmo e viu que não trajava mais suas roupas compradas com dinheiro roubado. Seu corpo agora estava coberto por um tecido que lhe era estranho. Tinha aspecto metálico e um brilho amarelado, tal qual a pedra. Uma máscara cobria a metade superior de seu rosto, dificultando o reconhecimento. Um grande triângulo azul cobria seu peito, e no centro do triângulo estava gravada uma meia-lua.
Todo aquele poder que passou na mente de João estava mais claro para ele agora.  João poderia conquistar Jacareí, e depois, o mundo.
Na verdade, não havia mais nenhum João Rocha ali. Sobrara apenas o temível Ultra Meia-Lua.

E uma nova pergunta se faz necessária: Quem irá detê-lo?

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Vocês acham que eu devo continuar? Porque eu estou com umas ideias bem legais aqui.