sexta-feira, 8 de junho de 2012

Costelas da Honra - Capítulo 2

AS BADALADAS MAIS DISTANTES

Jacareí - Universo 17
O céu estava azul e límpido. Os pássaros cantavam com alegria. O sol iluminava e deixa as ruas e paredes da cidade brilhantes ao refletirem sua luz. A brisa suave amenizava o calor. As manchetes dos jornais do Vale do Paraíba de 08/06/2050 exaltavam o casamento de ninguém menos do que o herói, a lenda, O Capitão Jacareí.
A cidade inteira estava reunida na praça da Matriz. Sortudos foram os que conseguiram entrar na igreja para ver de perto a cerimônia.
Pensamentos de tranquilidade e serenidade preenchiam a mente do Capitão. Era uma época perfeita. Ele e todos os outros heróis do Vale do Paraíba haviam limpado a região. Era a parte menos violenta do estado de São Paulo. A felicidade pairava sobre todos. A melhor maneira de descrever a época e o local é: Liberdade e Biscoitos.
É impossível não estar satisfeito com a possibilidade de pensar o que quiser, expressar a opinião e ainda poder discutir pacificamente comendo os famosos Biscoitos Jacareí.
Os Biscoitos Jacareí existiam há muito tempo, e eram a marca registrada da região. Sempre fizeram sucesso, mas em 2050 haviam atingido o apogeu.
Outra coisa que deixava o Capitão feliz era o fato de a criminalidade ter caído tanto que ele não precisava mais esconder sua real identidade. Sua belíssima esposa e seus idosos pais estariam seguros mesmo com todos sabendo onde ele morava e que seu nome verdadeiro era...

- ...se alguém tiver algo contra esse matrimônio, que fale agora ou se cale para sempre!- disse enfaticamente o padre, que interrompeu o pensamento do noivo.

Imediatamente o Capitão se sentiu confuso. Por que logo aquela frase havia chamado a atenção? Quem teria algo contra esse casamento? Mas que bobagem.
Mesmo ciente de que era uma bobagem, um estranho frio na barriga tomou o herói. Não era um frio qualquer. Era a sensação de que estalactites de gelo cortavam sua existência!
Os bancos da igreja estavam estranhos. O padre estava estranho. A noiva estava estranha. Tudo estava estranho. Um mal-súbito devido ao nervosismo???
Nesse momento o Capitão percebeu que o padre não estava mais falando nada.

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Uma piscada foi suficiente para que a dor de um choque de um relâmpago atingisse a espinha dele e o fizesse acordar num lugar muito estranho.

Era noite. Era fria. Era silenciosa. Era escura. O Capitão Jacareí acordou deitado no asfalto de uma rua que se parecia com algum lugar de Jacareí, mas não era a que ele conhecia. As construções pareciam antigas, do começo do século XXI. E para sua surpresa a roupa de noivo havia sumido! No lugar dela estava seu usual uniforme.
Apesar de estar vestido apropriadamente para um combate, suas forças pareciam ter se esvaido completamente. Não parecia uma boa ideia ficar fraco naquele ambiente potencialmente hostil. Eram necessários Biscoitos Jacareí para recuperá-lo. Andou freneticamente por minutos que pareciam horas até encontrar uma alma viva. Era um velhinho mal-encarado, que não parecia suficientemente sensato por estar na rua àquela hora da noite.

-Senhor, por favor, me ajude! - começou surpreendentemente desesperado o Capitão - Onde posso encontrar Biscoitos Jacareí?!?
-O que? - se espantou o ancião - Do que está falando??? Essa coisa empapada faliu há uns 40 anos!

Nem o mais poderoso dos gritos poderia aliviar a tensão que percorreu o corpo do Capitão Jacareí.

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