quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Pêssego

Pra mim morango e limão são coisas parecidas. Eu não gosto de nenhum dos dois, mas amo coisas com sabor dos dois. A única diferença é que eu também gosto de pingar gotas de limão em algumas comidas, e não faço a mesma coisa com o morango.

Talvez essa não seja a única diferença entre limão e morango. Eu nunca tomei chá de morango, mas essa semana pedi meu lanche no ifood com chá de limão acompanhando. Preferia não ter pedido, porque o gosto do chá de limão não havia mudado desde a última vez que eu tinha tomado. A última vez que tomei, foi ao seu lado na sua casa, e o chá tinha gosto de companhia. Esse gosto não combinava com meu lanche dessa semana, que eu estava comendo sozinho, nem mesmo com os colegas de trabalho por perto. E me fez lembrar do gosto que eu senti quando você me disse as coisas que você não gostou quando outro falou pra você. Gosto esse que continuou na minha boca por meses, mesmo depois de você ter perdido desculpas. Senti sua falta, parei de sentir sua falta, voltei a sentir sua falta, passei a sentir falta só da ideia do que você havia sido e provavelmente não era mais, e também senti falta de ideia do que você provavelmente nunca foi. E passou. E eu continuei confuso, como já era antes de você e não devo deixar de ser tão cedo. Cada pessoa é um universo e o seu veio e foi embora. Não sei se volta e espero que não volte da mesma forma. Ainda podemos ser amigos. Tem dias em que eu quero que isso aconteça e tem dias que eu acho que isso seria uma péssima ideia. Talvez nenhum de nós mereça a presença um do outro. Mas o chá era bom, a pizza era boa, ver TV era bom. Era e não é mais, porque chegou a um fim. Tudo chega a um fim, mas nunca deixa de existir, porque nada é esquecido. Isso vale pro que é bom e pro que é ruim. Obrigado por tudo de bom. Obrigado pelas cicatrizes. Posso aprender alguma coisa com elas. Obrigado por existir.

Mas eu devia ter pedido chá de pêssego.
Pêssego nunca vai deixar de ser bom, ou assim espero.